Daniel Campos

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06/02/2012 - Os grilhões da morte

Quando é que seremos livres da morte? Da morte diária que nos persegue e pouco a pouco nos tira tudo, independentemente se esse tudo é concreto ou abstrato, real ou fictício, físico ou psicológico. Nascemos já sob os efeitos da morte. Ela mata o nosso primeiro riso num choro, corta o cordão de carne que temos com outro ser e nos coloca numa estrada regressiva. Caminhamos para a morte. Mas a morte não é somente o fim, mas todo o processo. Pois morremos sempre, a cada passo, a cada voo, a cada mergulho.

Embora nós tentemos compreender e aceitar, a morte é incompreensível e inaceitável por natureza. Ela está sempre presente mesmo que oculta. É como ela se dissesse a todo o momento que está em nós. Entre uma batida e outra do coração, naquela pausa avessa ao grito da vida, ela se manifesta. Tudo o que sabemos dê-la é que ela é inadiável, incorruptível, infalível. Antes de tomar de uma vez nosso corpo físico ela mata nossos sonhos, nossas fantasias, nossas motivações, nossos ânimos, nossas qualidades, nossos sentidos, nossas fábulas...

A morte é violenta, mesmo quando sutil. Ela pode nos morder ou nos beijar, mas será sempre morte. Ela tem suas próprias regras e, por isso, dita o jogo do início ao fim. É a morte que permite que Deus continue criando. Todas as religiões e ciências se debruçam sobre a morte. Como se fosse o olho de um furacão, a morte nos suga, nos devasta, nos manipula, nos leva, nos traz e nos convida a dançar ao seu ritmo. Embora inspire loucura, a morte nos permite um estado de lucidez que chega a doer. Quando é que a morte nos fará livres?


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