Daniel Campos

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04/10/2010 - Odontofobia

Bombas de pânico vão explodindo lá e cá. O coração não aceita conselhos e pula feito burro xucro. Os pulmões doem a cada passagem de um novo fluxo de ar, pois o ar está áspero. O rosto perde cor. Há comichões e contrações. Há milhares de casamentos e separações de células nervosas a cada segundo. Há tonturas entontecendo a razão. Há uma tendência pessimista no ar. E o ar, como dito, está áspero, irrespirável. Ainda mais porque o ar tem cheiro de dor.

O sangue borbulha de aflição, ameaça um derrame. Os pensamentos se embaralham. Os pés tropeçam em angústias. Os olhos cegam. Há dores generalizadas por todo o corpo. Os sentidos perdem e ganham intensidade. Há uma estiagem de bom senso e uma epidemia de loucura. Raios e trovões dominam o corpo tomado por tempestades. O espírito arde. Ainda é cedo. Ainda é tarde.

Há excesso de salivação e, ao mesmo tempo, boca seca. A língua amarra e amarga. A cabeça pesa. O peito soluça. As rezas trazem ainda mais agonias à delicadeza do momento. O que existe é um tremendo mal-estar, uma grande insegurança, uma baita problemática aparentemente sem solução. A ansiedade e o medo andam de mãos dadas, um alimentando o outro. Deveras, o suspense mata mais do que qualquer golpe concreto.


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