Daniel Campos

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19/05/2012 - O vendedor de nuvens

Era uma vez um menino apaixonado pelas nuvens. Vivia olhando para o céu, namorando aquelas criaturas esbranquiçadas e de formas tão variadas. Sonhava em poder tocar aquelas painas gigantes. Ah! Quanto se imaginou deitado sobre aquelas nuvens como se fosse um anjo. Gostava de vê-las mesclando o céu azulado, pois para ele nuvens chuvosas eram nuvens chorosas. Preferia as nuvens leves, levadas para lá e para cá ao ritmo do vento.

Quando lhe perguntavam o que seria quando crescesse, a resposta era uma só: piloto de avião. Queria viver a voar sobre nuvens. Não pensava em outra coisa senão fazer piruetas ao lado delas e tirá-las para dançar. Queria tocá-las, abraçá-las, cheirá-las, beijá-las, amá-las. Se pudesse, engravidaria as nuvens. Melhor, ficaria grávido de nuvens.

Certa vez comprou sua mesada toda de balões de gás para ver se conseguia levantar voo até suas musas, mas seus pés insistiram em mantê-lo no chão. Aliás, a vida sempre insistiu em aprisioná-lo na terra. Porém, seus olhos nunca se afastaram das nuvens. Nunca se tornou piloto de avião, tampouco entrou em um desses pássaros que o levariam para perto daquelas mulheres de algodão.

Já que o menino não podia ir até as nuvens, trouxe-as para perto dele. Virou vendedor de algodão doce. Nuvens com sabor, com cheiro, com textura de nuvens. A receita era de acordo com sua imaginação. De certa forma, dava luz às nuvens. Vivia a levar nuvens brancas e coloridas nas costas por estradas azuis.


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