12/04/2012 - O silêncio e as palavras
É preciso reconhecer quando não há mais espaço para palavra alguma. Tudo já foi dito e redito. Agora cabe ao silêncio cuidar de tudo. É bom lembrar que o tempo age fazendo-se de mudo. É momento de deixar as frases se assentarem. O que secou pode brotar. O que queimou pode se regenerar. O que ficou pode voltar. As palavras necessitam de um tempo de maturação para surtirem o efeito esperado. Como na passagem da lagarta para a borboleta, as palavras que agora rastejam amanhã em pouco tempo podem abrir as asas.
As palavras guardam um mistério profundo, quiçá, a essência do mundo. As palavras podem criar ou destruir, podem parir ou matar, podem casar ou separar, podem encontrar ou perder... As palavras têm vida própria. Elas são as damas e as tramas do destino, levam deuses para cama e para a lama com a mesma facilidade. São a guerra e o ópio do povo, o buquê dos apaixonados, a promessa e a saudade que não cessa. As palavras são construções imediatas e ao mesmo instante sem pressa alguma para acontecerem.
Maior que as palavras somente o silêncio causado pela ausência delas.
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