Daniel Campos

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29/03/2016 - O que levo comigo

Vou juntar meus trens e tomar um rumo diferente desse vai não vem. Vou levar só o necessário, com a sabedoria do boticário que tem nas mãos somente os essenciais, os fundamentais, os elementais. Não ainda muito quando se é pouco, por natureza. Vou carregar comigo não o que me pertence, pois nada é meu, apenas o que é parte de mim, o que nada nem ninguém pode desvencilhar do que sou, do que me tornei ao longo dos últimos caminhos. Músicas, poesias, literaturas, romances, momentos, preces, energias, perfumes, sabores, tatos, temperos, amores, apaixonamentos, entregas, texturas, viagens de fora e de dentro é o que vão caminhar, voar, mergulhar comigo daqui por diante. É como se do pássaro, levasse o voo e o canto; Das flores, a cor e o perfume; Das bocas, os mistérios e as línguas; Dos corpos, os relevos e as temperaturas; Dos encontros, os prazeres e o crescimento que me possibilitaram. Portanto, para espanto geral, não vou colocar na estrada comigo nada de matéria, de carne, de palpável, porém, o encanto, o visceral, o incrível, o imaterial, o que está impregnado, para além de futuro, presente e passado, no meu transcendental.


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