31/12/2008 - O que fica pelo caminho
Quantos versos, quantas linhas, quantas declarações de amor vão ficar para trás. Quantos beijos, molhados e doces, vão ficar para trás. Quantos sonhos, caídos pelo caminho, vão ficar para trás. Quantos rostos, a se perder pelos dias, vão ficar para trás. Quantos tijolos empilhados, quantas cartas encasteladas, quantas pedras do dominó enfileirado que é a vida vão ficar para trás. Quantos sorrisos, soluços, choros e prantos vão ficar para trás. Quantos vôos voados ou não vão ficar para trás.
Quantos suores vão ficar para trás. Quanto sangue derramado e duelos de espada e pensamento vão ficar para trás. Quantos gemidos, suspiros e prazeres vão ficar para trás. Quantos vestidos rodados e floridos vão ficar para trás. Quantas fotografias coloridas em preto e branco vão ficar para trás. Quantos vagões desse trem de sentimento que nos leva vão ficar para trás. Quantas promessas não cumpridas vão ficar para trás. Quantas ceras e chamas desta vela que queima em nós vão ficar para trás.
Quantas folhas de esperança deste calendário cigano vão ficar para trás. Quantos gritos de medo e desejo vão ficar para trás. Quantos passos passados ou não vão ficar para trás. Quantas profecias esquecidas ou não reveladas vão ficar para trás. Quantos destinos desencontrados vão ficar para trás. Quanto de mim, quanto de ti, quantos de nós vamos ficar para trás neste ano que se finda e nos finda um pouco com seu passar. Quanto? Quanto? Quanto?
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