10/10/2011 - O amor e suas coisas
Não há razão alguma para resistir ao amor em nenhuma de suas formas. O amor chega escancarando portas, desobedecendo a normas, quebrando correntes, ignorando o segredo dos cadeados. De nada vale fingir ou adiar o que não tem desculpa. O amor, mesmo perdido, acha a criatura amada, seja nos porões do esquecimento, nas masmorras da solidão ou em qualquer outro esconderijo físico ou psicológico. Não há tempo ou espaço que detenha a sina de um amor de se cumprir em nós.
O amor já nasce jurado a ser amor por toda sua existência. É algo que foge da compreensão da ciência, que une pecado e inocência num mesmo corpo, contentamento e sofrimento num só tempo. Pode se ferido, mas não destruído. Pode ser proibido, mas não banido. Pode ser traído, mas não proibido. Pode ser bandido, mas não subtraído. O amor pode se transformar, mas vai continuar a ser amor, amor, amor...
Em certas épocas o amor pode ser flor ou fruto, mas para sempre será semente a germinar. Podem ceifá-la, trancá-la, dissecá-la, macerá-la, mas a semente vai voltar a brotar o amor. Ela resiste à seca, à enchente, à geada, ao lodo e ao fogo. É como uma semente nuclear que gera corações atômicos, prontos para explodir e destruir, prontos para caçar e amar, prontos para fecundar o gene da radioatividade de uma saudade perene.
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