29/01/2010 - No quintal dos Barbosa
Billy comia a galha da roseira, Sansão afiava as unhas no cimentado, Dafne iniciava as obras de um novo buraco, Draco rasgava a coberta e Polly fingia a própria morte. Tudo normal no quintal dos Barbosa: muitos latidos, destruição e bagunça. Tudo ia bem até que a galinha do vizinho inventou de subir no muro e provocar quem estava quieto. E não eram as habituais galinhas d’angola que moravam na casa ao lado e, vez ou outra, davam o ar da graça. Era uma típica galinha de despacho: magricela e preta, com a crista tão vermelha quão um demônio. E a cachorrada estranhou a galinha que parecia o cão.
Billy quase derrubou o muro com suas patadas de fila brasileiro. Sansão, uma mistura de husky siberiano com pastor belga, jogou todo charme para cima dela. A cocker Dafne chorou feito criança diante de um brinquedo novo. Poly, a outra cocker, cansada de sua dieta de ração, ressuscitou com água na boca. E Draco, como um bom xau-xau, mostrou sua língua azul para a galinha. Teve latido, uivo, choro e muito escândalo no quintal dos Barbosa. Não sei quem conseguiu a proeza, mas aquela ave abusada veio ao chão. Mordidas para lá e para cá, Dafne preferia a asa, Poly o pescoço e Billy as coxas.
Teve pena para tudo quanto foi lado e briga de namorado pela galinha da vizinha que abusou e depois foi dando linha, pois seu galo de rinha chegou antes da hora e ordenou batendo asas que ela fosse logo embora para casa. Mas o cocoricó do galo em cima do muro não foi o suficiente para salvar sua galinha que em pouco tempo ficou tontinha. Depois de muito chacoalhão, beliscão e empurrão, aquela que pousou toda sestrosa virou canja no quintal dos Barbosa.
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