Daniel Campos

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20/02/2015 - Nem sempre a gente

Nem sempre a gente sabe sobre o amor que nos cabe. Nem sempre a gente quer que a última pétala seja de bem-me-quer. Nem sempre a gente escolhe o que colhe. Nem sempre a gente se deita e se ajeita num sonho. Nem sempre a gente corre adiante ou pra cima, muitas vezes a gente simplesmente escorre. Nem sempre a gente esquece o que da nossa vida não desaparece. Nem sempre a gente quer mais do que falta aos outros casais. Nem sempre a gente tem uma explicação para o que se esconde atrás de um sonoro não. Nem sempre a gente domina nosso querer-menino ou nossa paixão-menina. Nem sempre a gente sustenta o que por um motivo ou outro inventa. Nem sempre a gente abre a porta a quem de fato nos importa. Nem sempre a gente acerta e se aperta. Nem sempre a gente assovia e o sentimento como vento vem ao nosso encontro. Nem sempre a gente acredita no que de dentro pra fora palpita. Nem sempre a gente quer dar o suor e tudo podia ser melhor. Nem sempre a gente volta à palavra morta. Nem sempre a gente dá atenção ao que habita na solidão. Nem sempre a gente dorme sem fome de outro dia ou do dia que deu noutro. Nem sempre a gente é livre e vive solto. Nem sempre a gente compreende que o amor nunca se rende. Nem sempre a gente bota fé no que não dá pé. Nem sempre a gente floreia o que nos rodeia. Nem sempre a gente vê graça na primeira garça. Nem sempre a gente educa uma atração maluca. Nem sempre a gente tem que ser o que nos faz sofrer. Nem sempre a gente ilumina o caminho da nossa sina. Nem sempre a gente fala o que nos cala. Nem sempre a gente comemora o que o outro chora. Nem sempre a gente nina o que vem ao nosso imã. Nem sempre a gente pode com o que nos sacode. Nem sempre a gente toca o que nos provoca. Nem sempre a gente rui com o que nos possui. Nem sempre a gente ignora quem nos manda embora. Nem sempre a gente tem a receita de uma tarde perfeita. Nem sempre a gente imagina a cria de uma fantasia. Nem sempre a gente declara o “acabou” ao que já terminou. Nem sempre a gente dá calor ao que nos deixa de bom-humor. Nem sempre a gente entende que “infinito”, “eternidade”, “pra sempre” muitas vezes viram saudade.


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