Não deu tempo
Nuvens grávidas de escuridão. Entre lagos, a esperança vestia as arquibancadas e se misturava à torcida pela chuva. Intimidado, o vento soprava calado diante do ronco dos motores. Eram graves e agudos invadindo os ouvidos. As capas de chuva eram colocadas e tiradas como o ritual de uma dança indígena. O céu de enchia das ameaças de relâmpagos. Mas, por alguma maldição, o deus da chuva foi aprisionado. A previsão dos meteorologistas e as ameaças dos céus estavam demorando demais para vingar. Os olhos nus pediam a ajuda de binóculos para ver se enxergavam algum vestígio de nuvem molhada perdido no horizonte. Rezava-se. Implorava-se. Angustiava-se. Faltavam onze voltas quando ele entrou na reta dos boxes com o pé embaixo. Os olhos de caçador gritaram por aquele ataque cego à curva. De repente, um trovão seco ecoa pelos céus. Uma saída de traseira faz com que todo o azul do FW 116 ficasse de costas para meus olhos nublados. Ayrton Senna não conseguiu esperar pela chuva.
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