29/07/2010 - Nada além de estrada
Eu não sou nada, nunca fui nada e jamais serei nada. Sou apenas estrada. Todos me pisam e passam por mim. Usam-me para ir daqui pra lá, de lá pra cá, de cá para acolá. Eu não tenho começo nem fim. Sou sempre um meio de seguir em frente ou voltar à trás. Sou apenas um dos tantos pedaços de mim. Nada mais.
Ora sou de piche, ora de pedra, ora de terra batida. Sou chegada e partida. Sou aclive e declive. Sou de tantas viagens, paisagens, miragens. O sol nasce e morre em meus flancos. Pessoas amam e são amadas, matam e morrem, levantam e caem ao longo da minha rota. Muitos sentem prazer quando me vêem, outros enlouquecem.
Sou o caminho de paixões e separações. Sou eu quem atiça a velocidade alheia. E é em minhas curvas que se esconde a saudade. Eu ligo prédios, cidades, pessoas, estados físicos e psíquicos. Eu sou marcado por uma linha contínua, de ponta a ponta, chamada destino. Eu, estrada, caminho em falso, não sou nada além dos seus passos.
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