11/02/2010 - Mulher verde-limão
O sol cobre a cidade com seu manto de fogo. E por entre pedras e flores abrasivas, surge uma mulher morena levando em seu corpo uma blusa verde-limão. O tecido chega a brilhar de forma cítrica diante dos olhos, refrescando a vista de quem a vê passar sem se preocupar com os quarenta graus. Sua beleza parece ter viçado com a explosão de raios ultravioletas que caem sem dó de um céu cheio de buracos.
Entre o sonho e a realidade, aquela mulher passa deixando gotículas de um sumo delicado pelo caminho. Os deuses colaboram e levam para longe qualquer possibilidade de chuva. De sombra, só aquela que pinta o rosto da mulher. No mais, tudo é claridade e vaidade na mulher que segue misturando na medida exata ciano e amarelo. Diante da mulher que verdeja o cotidiano, o canto e o silêncio se encontram verdes na partitura.
Como é bela a mulher que passa trazendo contigo o verde dos mares distantes, o verde das matas extintas, o verde de um fruto que está prestes a madurar em todos os sentidos. Aquele verde que a veste é doce como as uvas que mais tarde darão origem a vinhos brancos que mais tarde ainda irão morder lábios furta-cores como os daquela mulher que passa desejando e desejada na mesma intensidade de tom e mistério.
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