Daniel Campos

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23/01/2010 - Mulher de havaianas

Deus, ò dá-me a mulher que passa de sandália havaiana, como uma sangue-azul suburbana. A mulher que sobe e desce ruas com os pés seminus, cobertos e ao mesmo tempo expostos por uma tira plástica. E mais: Na mulher andante os pés gritos angelicais, são órgãos sexuais, calçados por hormônios, mistérios e fantasias. Deus dos plebeus, ò dá-me a mulher que cruza e me cruza de havaianas.

A mulher passa de havaiana como onda do Havaí, tão cobiçada quão avassaladora. A borracha da sandália amortece as rajadas e as correntes elétricas produzidas pelo corpo da mulher que ignora regras e protocolos. Ó Deus coloca essa mulher em meu colo. Eu quero essa aristocrata que, na solidão de seu quarto, deixa de lado a coroa e anda como bem quer – simplesmente fêmea e incrivelmente mulher.

Deus, responda-me por favor, pra onde vai a mulher de havaianas furta-cor. Conceda-me a graça de fazer parte das tramas de suas sandálias. Advento de humildade, símbolo de liberdade e despudor. Quanto de amor essa mulher leva em seus pés? Como grilos de lua, seus dedos se roçam produzindo milhões de decibéis levando terra e mar aos céus.

Deus dos orixás, ò traga-me a mulher que só se desnuda de suas havaianas quando nas águas troca flores com Iemanjá.


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