07/04/2011 - Mulher das adegas
Seu caminhar, mulher, cândido ao vento, vai bem com vinhos brancos leves. Anda, compondo-te em movimentos, enquanto a bebo num trago de Suavignon. Sua leveza é digna de um Pinot Noir. Diante de ti, ò mulher das adegas, curvar-te-á o meu paladar. Como é belo admirar suas expressões refletindo translúcidas ao longo de uma taça de Chardonnay. Bestifico-me de como seus olhos, frutados e frescos, me enchem de vontade e medo ao mesmo tempo.
Suas palavras, de uma adstringência característica, acompanham perfeitamente vinhos franceses das regiões da Borgonha e de Bordeaux. Já sua carne, incluindo o desejo que dela aflora, faz combinações surpreendentes do Malbec ao Cabernet, passando pelo Shiraz. E o que dizer de sua ironia, fina e ácida na medida certa como uma garrafa de Zinfadel? Vida esparramada em videiras, bebida guardada em cristaleiras.
Mulher, seu corpo é intenso e sua alma guarda uma doçura alcoólica, propensa à embriaguez. Seu aroma, entre o sutil e o encorpado, deixa escapar notas de madeira. Já o molho dos seus sentimentos, é evidente, pede bons tintos italianos. Quem sabe um Chianti, um Sangiovese ou um Valpolicella. E seus olhos, nobres e arrolhados, me levam a girar nos toques de um Chenin Blanc.
Dança, mulher das adegas, em passos tão leves quão os traços de um Beaujolais. Seus romances são roses, no melhor estilo da delicadeza e da tintura. Sua lua flutua como um Pinot Grigio no céu de sua boca. E por falar nela, sua boca doce me lembra um Moscatel ou até mesmo um Vinho do Porto. Na hora exata, emoções e sensações e imaginações explodem como borbulhas de um espumante ao mesmo tempo festivo e sedutor.
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