11/08/2016 - Minha obra-prima
Eu já não saio às ruas procurando alguém. Eu já não fico mais nua como as minhas retinas que enxergam nudez em tudo. Eu já não sou mais deste mundo. Eu já não sou mais tua. Eu já não apanho da vida. Eu já sei o tamanho da despedida. Eu já não sou mais daqui, mas continua atrevida, querendo sorrir mesmo quando não é tempo de florir, de colher, de gozar.... Eu já não me permito mais murchar – eu quero amar, amar e amar. Eu já me entreguei, me iludi, me zanguei, me feri, me danei, me parti e me vi como sombra da sombra da sombra do amor que tive. Eu já me decidi – agora ninguém me tomba, chega de declive. Eu já não sou mais de me acabar pro conta de um desaforo. Eu já não quero mais ser mina brotando choro. Eu já me importei demais com quem não me deu paz. Eu já disse muito sim para quem só me disse não. Eu já levei tapa na cara, agora para, para, para, pois minha tara é carinho e atenção. Eu já bailarina, já fui esquina, já fui colombina, hoje sou minha obra-prima.
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