07/11/2012 - "Merda", Ney Latorraca
Que essas complicações em seu quadro de saúde façam parte apenas do roteiro de mais um de tantos dramas já interpretados por Ney Latocarra. Que o fechar das cortinas e os aplausos não tardem, pois os fãs estão ansiosos para ver o mestre novamente em pé. Todos torcem contra essa vilã que atende pelo nome de insuficiência respiratória aguda. Além do mais, lugar de Ney é nos palcos, nas telas da televisão ou do cinema, e não em uma Unidade de Terapia Intensiva. O filho de um crooner e de uma corista precisa reagir. O público espera isso para ovacioná-lo mais uma vez.
A voz inconfundível de Ney Latorraca ainda tem tanto a dizer sobre peças da ficção e da realidade. Esse silêncio todo em torno dele, perturba. O ator que sempre atuou a plenos pulmões não pode depender de aparelhos para respirar. Isso é uma afronta à arte e ao talento de Ney Latorraca. O homem que trabalhou como bancário, balconista, gerente de loja de roupas e vendedor de joias até se casar definitivamente com o palco precisa continuar pelo bem da plateia e dos personagens.
Diante de tal quadro, já chamei à responsabilidade o padrinho de batismo de Ney Latorraca, o também ator Grande Otelo. O anjo negro tem que tomar alguma providência. O escritor das linhas do destino precisa alongar mais e mais a linha da vida de Ney Latorraca. O ator das radionovelas, do Teatro de Arena, de Bodas de Sangue, de Estúpido Cupido, de Lola Moreno, de Anarquistas Graças a Deus, de Ópera do Malandro, de O Mistério de Irma Vap, da TV Pirata, de Vamp,..., tem que voltar para o “bis”.
Boa sorte, ou melhor, “merda”, Ney Latorraca em sua reestreia.
Observação do autor: Desde o teatro antigo, a expressão “merda” é utilizada na linguagem entre artistas de teatro para desejar boa-sorte antes da entrada em cena.
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