25/10/2014 - Mato luzido
Descobri que não sei nada de mim. Desconheço minhas vontades. Não me reconheço no espelho. O que eu quero agora, logo mais desquero. Não sei o que serei. Tenho medo de saber quem sou e descobrir que nada sou além do sonho que ainda não veio. Eu era fantasia, mas ontem ela foi embora sem se despedir. Sou a poesia que ainda não escrevi. Sou o que nunca vivi. Eu não sei se sou de chorar ou de sorrir, cada hora me dou de um jeito e tem dia que tenho certeza de que eu não tenho mais jeito. Sou cheio e vazio ao mesmo tempo. Sou o futuro-do-pretérito-mais-que-imperfeito. O eleito da solidão. Lágrima por lágrima, sou o que carrego. E muitas vezes, eu me assumo e eu me nego, vindo de arrasto. Sou mugido que ecoa no pasto deserto. Sou o que está longe e o que está perto. Sou mato luzido, crescido e não sabido.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.