26/04/2008 - Mais sal na minha salada de mamona, por favor!
Os antigos falavam que chegaria uma época em que se teria dinheiro, mas não o que comer. Pelo visto estamos a cada dia mais perto de cumprir essa profecia. Os preços dos alimentos dispararam. Aqui em Brasília, terra da carestia, eu já pago cinqüenta centavos por um pão francês. E os jornais dizem que o preço vai subir mais e mais e mais... E o absurdo não pára por ai. O quilo do feijão beira os dez reais e o do contrafilé ultrapassa os quinze. E o próximo vilão do nosso bolso já foi definido: será o arroz. Definitivamente, assim como fizeram os dinossauros, nós estamos caminhando para a extinção.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-Moon, já afirmou que a disparada dos preços dos alimentos em todo o mundo se tornou uma "crise global real". Não querendo perder a oportunidade, o sempre candidato Luis Inácio disse que o preço dos alimentos galopa porque os pobres estão comendo cada vez mais. Agora, se essa questão é verdade ou publicidade, cabe a história responder.
Enquanto Luis Inácio se vangloria de ter feito um governo que levou comida para o prato da população, eu me preocupo. Ao contrário de discursos inflamados, devemos é pensar formas de melhorar os sistemas de distribuição e produção de alimentos. Vendo a vida da maneira mais cor-de-rosa possível, o nosso presidente, indo contra todos os prognósticos, declarou que a crise é curta, passageira e não é coisa perigosa. Só faltou aquela ministra dizer "relaxa e goza".
Com outro ponto de vista, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, alertou que o "o pior" ainda está por vir e que os biocombustíveis produzidos com produtos agrícolas alimentares colocam "um verdadeiro problema moral" no tema.
Além de ser atribuída ao plantio de culturas utilizadas na produção biocombustíveis, a crise dos alimentos é associada ao aumento da demanda por comida (principalmente lá na Ásia), a problemas com as grandes colheitas de grãos e ao aumento do preço do petróleo. Enquanto transformam o problema em uma disputa política, a população de países mais pobres sofre com a falta de comida.
Diante da fome, do Haiti ao Camarões foram registrados protestos violentos por conta do preço dos alimentos. Mas olhando aqui da minha janela, a Esplanada dos Ministério continua na mais completa tranqüilidade. É Brasil, vamos nos acostumar a comer bagaço de cana-de-açúcar e folha de mamona porque, por aqui, isso tem de sobra. Falando nisso, seu garçom, mais sal na minha salada de mamona, por favor!
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