Daniel Campos

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06/08/2008 - Made in China

As Olimpíadas nem começaram e o assunto da moda é Pequim. Pelos quatro cantos da nossa pátria tupiniquim, só se fala na China. Mais uma vez a televisão mostra o seu poder de influenciar a agenda nacional a ponto de promover uma drenagem cerebral em nossas cabeças. Tudo gira em torno dos prédios da China, dos estádios da China, do trânsito da China, do alfabeto da China, dos jardins da China, dos dragões da China, da religião da China, da música da China, da comida da China... Sem pedir licença, pegam nossos olhos e os voltam para o planeta mais populoso do mundo.

O cúmulo dessa globalização comercial é proporcionado por aquela famosa rede de fast-food que começa com a letra M. De olho no lucro, ela acabou de lançar um sanduíche inspirado na comida chinesa. A cultura milenar dos chineses agora pode ser devorada por uma boca norte-americanizada por módicos dez reais. Eis a melhor representação de tudo isso que está ai. Consumimos a cultura alheia e depois a arrotamos por ai, sem nos ater ao seu real significado. Na verdade, o que vale nesta antropofagia cultural é saber o quanto menos.

Antigamente, precisávamos cavar um buraco imenso para sair na China. Hoje, basta ligar a televisão, abrir o jornal, ir ao supermercado mais próximo. E a globalização não nos oferece os poetas e os escritores chineses, mas o que, aos nossos olhos, é bizarro, como espetinhos de escorpião e grilos encantados. No dia em que o Brasil valorizar sua cultura conforme brada a dos outros povos, teremos feito um "negócio da China". Ao menos, não teremos auto-estima de vira-latas que abanam o rabo para qualquer coisa.


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