Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
19/10/2009 - Jacy Afonso, cavaleiro de sonhos

Vivendo a riqueza das tradições mineiras, sua família partia em romaria cruzando os sertões brasileiros no lombo de um cavalo em honraria aos céus. Sem tempo para se dedicar aos costumes de Minas, ele corre, articula, aponta, discute, analisa, debate, mobiliza. Trocou o cavalo pelo avião e as veredas pela ponte aérea Brasília - São Paulo. Jacy Afonso de Melo foi uma das primeiras personalidades do peculiar mundo político da capital federal que conheci frente a frente, na época, diante de uma xícara de café nas mesas de uma casa de tortas com sotaque italiano.

Não sei se político tem caracterização, mas Jacy Afonso fala, anda e gesticula como tal. Porém, embora já tivesse sido presidente de um dos mais importantes sindicatos de Brasília – os Bancários, ele preferiu os bastidores. Isso porque ele é um daqueles sindicalistas convictos e apaixonados que já não existem mais. Entre práticas e utopias, o mundo que ele tenta construir é digno de ser retratado nas telas do cinema da Academia de Tênis que costuma freqüentar. Assim como na composição de Chabuca Granda, famosa na voz de Caetano, Jacy é o sindicalismo de "fina estampa".

Além de passar por temas culturais com naturalidade, tem uma postura elegante, certamente vinda da linhagem Riba de Vizela, da qual descende seu sobrenome. Suas conversas misturam jornada de trabalho, clássicos da literatura e filmes de arte. Foi de suas mãos que recebi uma pilha de livros que ajudaram a preencher os espaços vazios e bucólicos que um forasteiro encontra ao apear em Brasília. E aquelas páginas, aquelas teses, aqueles tratados eram o alimento perfeito para um cavaleiro de sonhos.

Só um cavaleiro de sonhos poderia falar de política em um espaço cultural e de literatura em cima de um carro de som, no calor de uma manifestação. E não é que isso dá um belo viés para a autobiografia que ele insiste em adiar!? Deve ter lá suas razões. Quem sabe, espera pelo dia em que volte a cavalgar como seus antepassados ou que decida subir em um cavalo e proclamar uma nova República, como uma espécie de Dom Quixote.


Comentários

21/10/2009, por daniela loiola:

Maravilhoso este texto, pois para mim além de um grande amigo é o espelho de seriedade, confiança, tranquilidade de amor e de paz! Esta homenagem é mais que merecida e deixo aqui também os meus parabéns à pessoa que tenho o enorme e grande prazer de conhecer!

26/01/2010, por Danilo Caser:

Prazer em conhecê-lo.

07/02/2010, por Rosini Guido:

Recebi agora um artigo do Daniel, enviado por um amigo que reside no Rio. Entrei no site e deparo-me com o texto sobre Jacy Afonso. Muito legal te ver por aqui rapaz, pois tem muito tempo que não te vejo. Então, o texto revela mesmo o Jacy Afonso. Uma abraço bem apertado! Continuamos na luta. Rosini

09/07/2010, por Vânia Viana:

Salve JAM!!! Versão contemporânea e urbana de Xangô!

30/11/2010, por Vera Melo:

Lindo texto, reflete o que é o Afonso, pois foi assim que eu aprendi chamá-lo, ainda quando éramos criança em João Pinheiro. Temos, a Família Simão de Melo, muito orgulho!!!!

22/10/2009, por Odilon:

Saiu de João Pinheiro-MG um mineiro para contribuir com a forma de fazer politica em Brasilia e hoje anda pelo Brasil passando essa experiencia.Esse texto conta um pouco da historia do conpanheiro e amigo JACY.

22/10/2009, por josusmar farias(mazinho):

este texto contem exatamente o pensamento de todos que conhece o nosso amigo jacy, mas pouco assim como eu não consegue expressar. GRANDE JACY

15/04/2013, por Ana Julia:

Jacy Afonso é pra mim um exemplo de pessoa, assim como Daniel Campos acaba de se tornar um exemplo de escritor.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar