In-Dependência ou morte
Ainda ecoam gritos de independência pelo ar. Tolos os que gritam independência ou morte! Mais do que defender a dependência, de todo coração, assumo-me dependente. Gritem ou esperneiem à vontade os historiadores, os cientistas, os políticos. A verdade é que eu sou infinitamente dependente do amor. Ah! A liberdade é coisa dos solitários. A individualidade é o locus dos que temem o ato de amar. O eu próprio é a antítese da coletividade, que é o alicerce da nossa existência.
Por tudo isso, o discurso da independência não passa de uma grande bobagem. Viver é uma eterna dependência. Precisamos disso e daquilo, daquele e daquela seja nas mínimas relações cotidianas ou nas mais complexas engrenagens da alma. Essa coisa de ir às ruas, de desfilar, de exibir o título de independente é a mais pura chacota. A dependência é um mal de raiz, cuja ruptura significa a própria morte. Assim, posicionar-se entre a independência e a morte é o mais equivocado dos atos.
Agradeço por ser um dependente convicto da poesia, do amor, do querer bem. E levanto as mãos aos céus por ter encontrado todas essas dependências em uma só mulher. Ah! Marilene, eu sou dependente de seus beijos, de suas palavras, de seus gestos, de seus olhares, de seus caminhos, de sua ternura. Ah! Sou dependente da sua presença e da sua falta, quando, propositalmente, faz-me sentir saudade. Ser dependente é ter dona, é ser possuído, é ser amado por inteiro. E assumir a sua dependência é entregar-se a uma causa maior. Maior do que qualquer sonho de independência que ainda possa ecoar pelos ares.
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