Daniel Campos

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17/02/2010 - Homem de cinzas

Hoje entra em cena um homem feito de cinzas. São restos de fantasia ainda aquecidos dando forma a essa criação. O ritmo é outro, o objetivo é outro. Tudo é novo no homem que nasce depois do carnaval. É um homem de família, acima do bem e do mal. Um homem nu de personagens e adereços, um homem comum, com endereço e preço. São tantos risos, tantos beijos, tanto choro ardendo pelas cinzas que fazem este homem.

São romances, promessas fora de alcance, são nuances se misturando naquele DNA acinzentado. São vilões e mocinhas, são tamborins e pandeiros, são costureiras e marceneiros se encontrando naquele homem que nasce nu, sem enredo e com tanto medo. Com este homem nasce um novo tempo, de afirmação e perseverança. E é assim, num samba doido de esperança, que o homem volta a ser criança.

O homem que dançou, que brincou, que molecou foi embora. A partir de hoje, das cinzas de um tempo, nasce uma criatura forjada em fé. Serão quarenta dias de provações, de resistência às tentações. O homem deixa de ser de carne para ser de cinzas. Seus olhos ainda estão em brasa, mas logo mais vão se aquietar em cinzas. Nestes dias o homem não tem nome de batismo, apenas fome de cristianismo.


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