08/02/2015 - Hibernação
Ai meu amor hiberna em meus braços em posição de compasso circulando todo o meu ser. Ai meu amor o tempo invernou, o frio por todo lado se instalou e é hora, mais do que hora, de você não ir embora de mim nunca mais. Ai meu amor não há coberta mais quente do que sua pele poente sem dizer da sua língua de palavras ferventes aos ouvidos meus. Ai meu amor não se pode mais ir lá fora, nem pássaro consegue voar, nem o sol consegue raiar, a chuva fria tomou conta do tempo que corria contra nós. Ai amor tudo o que quero são dois corpos em seus devidos postos como lençóis sobrepostos numa cama onde do atrito há de nascer infinita chama. Ai meu amor esquece o quanto nos faltamos e abraça-me, por favor, e não fala mais nada que não provoque ou invoque ou dê suporte ao calor que tanto precisamos. Ai meu amor queima os pesadelos, queima os dias de solidão, queima a saudade atravessada, queima o choro de ser tão só, queima os caminhos sozinhos, queima as partes de uma vida que não conseguiu ser inteira, para ver se desse fogo sobra, nasce, fica algo de nós. Ai meu amor queimemos feito fênix pelos céus pelas cinzas pelas verdades rabiscadas nas nossas quatro paredes. Ai meu amor internemo-nos urgentemente ao fundo mais fundo da nossa caverna entrelaçando nossas pernas como ursos hibernados, sem futuro sem passado, com corações aos soluços ao pulso de chorar e de esperar por um novo tempo ao acordar.
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