Daniel Campos

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Globalização: cooperação ou privatização?

Teoricamente, globalização implica na queda de fronteiras (econômica/ política/ social) existentes pelo mundo. Num primeiro momento pode-se pensar num povo sem fome, sem guerra, com sorrisos estampados nos lábios em vista de um enorme pacto social de cooperação. Entretanto, a globalização se vende como uma proposta de paraíso perdido e age violentamente como uma nova colonização.

Quem controla a globalização são os países desenvolvidos. Eles, os donos da "cultura dominante", impõe as suas vontades ao resto do planeta. É como se o mundo fosse ditado pelas mãos de meia dúzia de ditadores. O exemplo concreto é o discurso que envolve a ALCA (Associação de Livre Comércio das Américas). Fala-se de união, mas nas entrelinhas do discurso de Bush esconde-se uma Cuba que ficará de fora da associação e um protecionismo voltado para os produtos americanos. Irão vender milhões de litros de Coca-Cola, de lanches do Mc?Donalds, de carros da Ford ao longo do continente americano, mas continuarão as inúmeras restrições relacionadas aos produtos de outros países no território do Tio Sam. E é assim com a França, a Inglaterra, a Alemanha...

Diante da barbárie que ronda o Iraque, a idéia de globalização se torna um equívoco. Pessoas fracas, alimentadas, sobretudo, pela fé, atingidas pela guerra imposta pelos americanos. Pessoas condenadas à morte por não fazerem parte da "cultura dominante". Os EUA estão à procura de petróleo, à procura de reascender a economia americana, à procura de cumprir suas posições perante as indústrias bélicas patrocinadoras da campanha de George W. Bush à presidência. Mata-se pela globalização que, na verdade, ganha faces de uma privatização mundial.

A violência da globalização rui uma possível estrutura ideológica. O 1% de carga genética que nos separa dos primatas superiores está no fato de que nós, ao contrário deles, somos seres sociais e compreensivos. Somos povoados de afetividade, de compaixão, de solidariedade, de amorização e não só de agressividade. Assim, a globalização deveria ser uma cooperação mundial e não uma competição da pior espécie.

Aquele território onde os rostos se acabariam em sorrisos e as mãos prosseguiriam unidas no combate às mazelas sociais se transforma num imenso curral. Cercas por todos os lados (leia-se, por exemplo, FMI) prendem seres humanos e os escravizam num sistema de consumo. Eis a nova colonização. Contudo, para que o mundo não se acabe no fundo do abismo social produzido diariamente pela "cultura dominante", faz-se necessário que a globalização rime com cooperação e não com privatização.


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