17/11/2012 - Galo caipira
Quando o galo caipira canta aos pés da surupira até o curupira se espanta, pois tudo amanhece na mata, dos bichos às águas da cascata. Quando esse galo da cor de urucum canta, não fica nenhum olho fechado; seja os olhos do casal de namorados, seja os olhos do gato pardo, seja os olhos do furacão... tudo se abre à canção do galo despertador. Quando esse galo canto na encruzilhada da estrada o vento traz o toque do agogô, a batida de tambor.
Quando o galo caipira canta tudo quanto é silêncio nem respira, só mira a porta de saída. É o sinal para as idas e vindas, para as chegadas e partidas, para os encontros e despedidas. Quando o galo caipira canta o dia chega a ficar tonto, cambaleando entre os contos da melodia. Quando o galo caipira canta tudo se agiganta, tudo se arrepia. Quando o galo se pronuncia é chegada à primavera da fantasia.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.