29/11/2012 - Favor esquecer
Esqueça o meu nome, esqueça o meu rosto, esqueça a minha voz. Esqueça que eu falo a sua língua. Esqueça a dor que parte de mim. Esqueça o meu verso e todas as minhas rimas. Esqueça o meu caminho. Esqueça aquela taça de vinho. Esqueça da minha casa na lua. Esqueça dos meus problemas, dos meus dilemas, dos meus teoremas. Esqueça meus planos, meus enganos, meus 200 anos. Esqueça meus vôos sobre a sua janela. Esqueça minhas fotografias, meus pedidos, minhas fantasias. Esqueça meu santo, meus medos, meu canto.
Esqueça meu veleiro, esqueça minha luta, esqueça meu cativeiro. Esqueça meu clarinete, esqueça meu ramalhete, esqueça minha labuta. Esqueça minha conquista, esqueça que foi minha vista, esqueça meu número de equilibrista. Esqueça minhas viagens, minhas bobagens, minhas bagagens. Esqueça minha receita, minha seita, minha colheita. Esqueça minha construção, meu devaneio, minha vida-canção. Esqueça meus sentimentos, esqueça meus alentos, esqueça como se esquece alguém aos ventos.
Esqueça das minhas criaturas, das minhas criações, das minhas tonturas. Esqueça das minhas alucinações, das minhas visões, das minhas figuras. Esqueça dos meus passatempos, dos meus momentos, dos meus suspiros. Esqueça das minhas notas, das minhas costas, dos meus delírios. Esqueça dos meus frutos, dos meus atributos, das minhas metades. Esqueça das minhas lendas, das minhas agendas, das minhas cidades. Esqueça das minhas amnésias, das minhas falésias, das minhas saudades.
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