27/09/2015 - Exitus
Eu não sabia o que queria, agora quero o que não sei. Eu ia e já não hei. Eu nunca fui de conversa, agora ando calado. Eu vou ao futuro e vejo o passado. Eu namoro a lua e ela não namora ninguém. Eu ando pelas estradas de sabe-se lá quem. Será de alguém? Eu aperto o passo e ponho rastro sobre rastro. Eu me volto ao espelho e não vejo nada. Quantos pássaros são precisos para fazer uma passarada? Tenho muitos cantando, voando, empoleirando em minhas árvores interiores. Eu semeio vento e colho flores. Há algo de errado. Não sei se sou eu ou se eu sou aquele que passou ao lado. Será que na noite todos os gatos são pardos? Se tudo é de Deus por que sou eu quem carrega esse fardo? Se nós nascemos e morremos sós por que fui me querer amado? Não sei mais qual é o meu livro de cabeceira. Até que momento minha paixão ainda se equilibrou inteira? Quanto de mim já entreguei à fogueira. Quantas vontades, fantasias, esperanças se sacrificaram por mim. Eram elas ou eu? E agora quem sou eu? Rei? Plebeu? Antes eu tinha sonho, hoje tenho sono. A quem pertence um cão sem dono? E toda vez que eu digo adeus é porque o começo se perdeu. E é no recomeço que me faço eu.
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