Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
09/05/2011 - Eu vou pra Aruanda

Eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu. Já tô encaminhado pelo meu babalalô. Mas antes vou tomar um banho com ervas maceradas. Abô. Agô. Licença que eu vou fazer uma entrega para os meus orixás. Amalá. Já comprei velas, comida, fitas, flores e bebida. Depois que eu sair do canzuá, vou pegar a estrada para Aruanda. Lá não tem espírito desencarnado viciado no mal. Mas por precaução, vou levar meu oxê, meu machado sagrado de Xangô.

Em busca do meu odu, destino meu, eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu. Vou de abadá, tocando um adjá. Vou tocando a sineta invocando os orixás. Vou batendo paô, de palma em palma despertando as energias. Vou fazer um ritual de Bori, oferecer minha cabeça ao orixá. Meu Eledá vai comigo, me guardando de todo e qualquer encosto. Já preparei a fundanga para fazer meu descarrego. A pólvora vai queimando num círculo de fogo, abrindo meu portal para Aruanda.

Deixa eu lhe contar uma mironga: eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu. Já encruzei testa, nuca, pés e mãos. Para meu corpo ir fechado, bebi uma garrafada preparada pelos meus guias. Já cantei e risquei os pontos. Na porta do meu ilê vou pendurar pedra de santo. Não posso me esquecer do meu patuá. Tudo preparado, na hora grande eu vou partir pra Aruanda. Já to forte, muzambé, eu vou pra roda, pronto pra quebrar demanda. Saravá.

Eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar