Daniel Campos

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14/07/2008 - Eu quero um dilúvio

Há dias em que o mundo é mais fundo do que supomos. Dias em que ao sair da cama, mesmo com o pé direito, o chão se abre e caímos em uma espécie de porão. Porão é pouco. Caímos em um inferno mesmo. Se o primeiro passo já deu nisso, o restante não é preciso nem falar. Nesses dias, acontece de tudo. Menos o que a gente realmente queria que acontecesse. Prepare-se porque a nossa volta, os demônios estão à solta com seus chicotes e seu sarcasmo.

Mas atenção: demônios não são geralmente aquelas criaturas vermelhas, com chifres pontudos, tridente e um caldeirão efervescente particular. Na verdade, são nossos chefes, nossos vizinhos, nossos parentes, nossos representantes políticos... Não adianta colocar a culpa de tudo em Lúcifer, como fazem os integrantes de muitas igrejas. Ele, sozinho, não daria conta de tanta inferno.

O pior é que não é fácil sair deste inferno astral, social, conjuntural em que nos encontramos. Não há elevador direto para o paraíso, tampouco pouco esforço para se chegar até lá. É preciso quebrar muitas pedras aqui na cidade baixa para alcançarmos o bem-estar visceral. Bem estar-visceral? Refiro-me aquele estado de sorriso puro que sai de nossas vísceras. Mas bem que o Altíssimo podia colaborar e mandar um daqueles dilúvios pra cá. Além de poder tirar umas férias, em razão da enchente, a enxurrada levaria a sujeira pra longe e limparia o solo para que uma nova cilivização brotasse em nosso jardim.


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