25/11/2008 - Eu quero a vida assim
Olha a multidão caminhando, chegando, gritando, querendo mais. As arquibancadas estão lotadas e todo mundo quer mais, mais do mesmo. Aplausos e vaias se confundem no refrão da mesmice. É o mesmo, do mesmo, do mesmo. É o mesmo, do mesmo, do mesmo. É só feijão com arroz, cadê o torresmo? O mundo que girava pelo mistério profundo, agora roda mecanicamente, automaticamente, comumente. A rotina é sempre igual. Até o tédio já é natural. E ainda dizem por aí que tudo isso é normal.
Eu quero revolução. Eu quero o mundo de ponta cabeça. Eu quero folia, desordem, inversão. Eu quero a outra versão da história. Eu quero que o cotidiano trinque, rache, quebre para a alegria nascer. Eu quero a inconstância do prazer. Eu quero a falta de limites do querer. Eu quero o fim dessa vida robótica. Eu quero que os sentimentos extrapolem, que os pensamentos virem pólen e que as rotinas se enrolem e rolem vida abaixo. Eu me perco, eu me acho.
Quero o anti-comportamento, a anti-regra, o anti-pecado. Quero conhecer o avesso do mundo. Quero olhar por detrás das cortinas. Quero revirar as retinas e mergulhar em mim. Que os caminhos sejam desobstruídos, construídos, destruídos. Mas que haja novos caminhos para velhos destinos. E outros destinos para os mesmos caminhantes. Mas que os caminhantes caminhem diferentes por um caminho sem ponto de partida nem ponto final. Que uma nova rosa dos ventos seja plantada em cada jardim. Eu quero a vida assim.
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