21/12/2010 - Eu, Nelson e Vinícius
Eu nasci em 1980. Eu nasci no mesmo ano em que perdi dois inspiradores, um poeta e um cronista. Eu nasci e um mês depois morria Vinícius de Moraes. Chorei sua morte enquanto minha mãe achava que chorava alguma cólica ou coisa parecida. Seis meses depois, morria Nelson Rodrigues. Difícil explicar certas coisas, mas, mesmo sem tê-los vivido pessoalmente, vivo-os pelo desenrolar dos meus dias numa busca desenfreada, numa paixão platônica, em sentidos e significados que nem Freud explica.
Dia desses comemorei 30 anos de vida. Dia desses engoli a seco 30 anos sem Vinícius. E hoje, dia 21 de dezembro de 2010, lamento a falta de Nelson. É como se quanto mais eu caminhasse adiante, mais longe ficasse da existência física desses dois mestres da escrita. Eles me ensinaram muito ao longo desses trinta anos. Mais do que qualquer professor escolar que passou pelo meu caminho. Ensinaram-me a gostar, a me envolver e a fazer poesias e crônicas de carne e osso.
O amor viniciano e rodriguiano é imenso, é miraculoso, é sonhador, é pulsante, é real. É um amor que chora, que suspira, que sofre, que cai e levanta, que goza. É um romantismo de fato e de direito, retrato do cotidiano que há nos corações e nas cabeças de milhões de pessoas. Trinta anos depois, sinto-me de certo modo habitado por essas duas figuras e ao mesmo tempo carente de novos livros de Vinícius, de novas peças de Nelson. Enquanto eu me junto a outros de seus tantos órfãos, os anjos ou os demônios devem estar fartando da prosa apimentada de Nelson, com direito a coro de Vinicius.
Eternidade longa aos dois!
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