12/08/2011 - Estouros
Do silêncio mais fundo que há no mundo o amor estourou como bomba de Hiroshima, como bolha de sabão, como flor de São de João. Estourou feito balão em festa de criança, feito sorriso na boca de palhaço, feito bolha na mão de lavrador. Estourou num atestado de instabilidade, de desequilíbrio, de volatilidade. Porque não pode mais conter, estourou. Estourou o cano, estourou o cheque especial, estourou os pontos e estourou o grito de carnaval. Estou a guerra, a crise e o inferno astral. Estourou sem ontem nem amanhã estourou carpe diem como bolsa de grávida.
Estourou como bola de chiclete, como grito de pivete, como pneu rasgado. Estourou em feitio de choro de fado, em feitio de foto que sangra a capa, em feitio de boiada que rompe o estradão. Estourou como água estoura a barragem, como terra estoura a construção, como fogo estoura a lenha, como o ar estoura os pulmões. Estourou em feitio de pipoca. Estourou como caneta borrando o papel, como champanhe no céu de réveillon, como vísceras no sarapatel. Estourou como estrela cadente, como o prazer da inocente, como a consciência do penitente.
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