21/08/2011 - Espíritos do tempo
Mártir de um sentimento tão intenso quão denso, eu quero deixar meu corpo livre para que ele possa ser receptáculo dos espíritos do tempo. Espíritos que nos fazem mudar de rostos e de atitudes, de gostos e de virtudes. Espíritos joviais e ancestrais, espíritos de guerra e de paz. Espíritos do crescimento, do amadurecimento, do conhecimento, do envelhecimento, do princípio e do firmamento.
Não procurarei entender a fala desses espíritos, mas o que deles me cala. Espíritos que trazem as mãos cheias de falta. Espíritos que me roubam memórias, histórias, vitórias e até mesmo o que jamais esqueço. Espíritos, figuras da loucura, que tatuam em meu avesso ideogramas de cores e texturas. Espíritos de finais (felizes ou não) e de sucessivos recomeços.
Não adianta relutar. É preciso saber desfrutar de todos os dons que os espíritos trazem. É preciso saber libertar nossas almas para que elas possam dançar com esses espíritos. E se, de repente, o vento virar poderemos voltar com esses espíritos através do tempo. Ou quem sabe, ir além do tempo. Eu quero deixar meu corpo livre, como folha ao vento, como bolha ao tempo.
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