Espelho, espelho meu
A suposta guerra entre EUA e Iraque poderia ser explicada através de diversas visões, desde um confronto entre dois países com posições dispares até uma crise freudiana que assolaria George W. Bush Júnior e o incumbiria de terminar o que seu pai começou com Sadam. Então, qual é a lógica da guerra?
A guerra do Golfo, no começo da última década do século XX, deixou cicatrizes. Um Iraque destruído e um ditador fortalecido pela relação de ódio com os americanos. Embargos comerciais de um lado e bandeiras americanas queimadas nas ruas, do outro. Este conflito é como aqueles filmes que pedem continuação. Antes de aparecer na tela o célebre The End, existe a deixa para o segundo episódio.
Diante da crise econômica instalada no mundo, os EUA desejam consumir o Iraque para se manterem fortes. Canibalismo, capitalismo, neoliberalismo, seja qual for o nome dessa prática, os EUA desejam o Iraque como quem depois de três dias de jejum deseja um pedaço de contrafilé. O petróleo é só um pretexto. Os EUA guardam uma reserva considerável de combustível e, com certeza, já pensaram em outras formas de se gerar energia. E a ameaça terrorista? O terrorismo é só mais uma desculpa, visto que não existe o país dos terroristas. Existem terroristas em Bagdá e em Nova Iorque.
O leitor deve crucificar os EUA, com razão, e ficar do outro lado. Outro lado? O melhor é não se iludir com as posições de Alemanha, França, Rússia e Cia. Eles não são benevolentes, tampouco estão com pena do povo iraquiano. Eles apenas querem mudar o eixo do poder mundial para a Europa e para isso os EUA não podem se fortalecer. O euro vai muito bem e uma guerra poderia por tudo a perder. O velho continente mostra as garras.
Hipóteses a parte, chega-se à conclusão de que o motor da guerra é Bush. Aquela figura rústica e pouco simpática. Se não bastasse os terroristas, a política nuclear norte-coreana, a ascensão européia e todos os problemas aparentes, a economia norte-americana está em recessão. Para piorar, os americanos se mostram insatisfeitos com o presidente. Bush se encontra pressionado a mudar o cenário. Leitor, não se esqueça de que quem elegeu o republicano foram as grandes empresas americanas, entre elas, a indústria bélica. E quando a indústria bélica lucra? Na guerra. Nesse mercado, a morte rende milhões de dólares.
Outro ponto a ser avaliado é a vaidade que envolve Bush. Uma vitória sobre o Iraque apagaria os arranhões sofridos por sua imagem nos últimos tempos. A popularidade de Bush e o que ele representa está em jogo. E para o caubói americano pouco importa o leque de dramas do povo iraquiano e as manifestações pela paz ocorrentes no resto do mundo. O que vale é o espelho e os acordos políticos/econômicos que estão guardados nas gavetas da Casa Branca.
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