Daniel Campos

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05/10/2011 - Doce tristeza

Nada ao seu redor conseguia ser mais triste do que seus olhos entristecidos pela falta de deus. Uma situação de abandono, uma sensação de falta de dono, uma carência de filha deixada pelo caminho. De quem seria sua alma se o apocalipse se cumprisse agora? Por não saber responder, calava-se numa tristeza fatal e conflituosa.

Uma tristeza que, mergulhada em seus olhos de compotas, cortava como lâmina amolada nas pedras do tempo. Sua tristeza, em flor, espalhava-se pelos jardins da solidão, descolorida e rasteira, como planta misteriosa que distende os ramos querendo juntar bocas e espinhos num mesmo beijo.

Uma tristeza primaveril que desafinava os pássaros e borrava os diários das meninas. Mesmo carregada de lágrimas e lástimas, dançava leve e inesperada com passos graciosos de dançarina. Girava para lá, girava para cá botando a tristeza para sambar desvencilhando-se da alegria mesquinha do cotidiano.


Comentários

05/10/2011, por Karina fraga:

Lindo texto parabens acompanho sempre

05/10/2011, por Karina fraga:

Sortudo esse jacy afonso por um amigo como vc lindo e valioso texto


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