Daniel Campos

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Dezembro mogimiriano

Dezembro. Ando pelas ruas de Mogi-Mirim. O trânsito ainda me causa estranheza, mas, quiseram assim. A cidade se enfeita timidamente. Por enquanto, alguns papéis metálicos coloridos e dependurados em algumas ruas do centro ditam a decoração (que está mais para fevereiro, ou seja, carnaval). Dizem que a aparência de uma pessoa reflete o seu "eu" interior. Talvez a decoração "apagada" da cidade seja o reflexo da sua administração.

E não é só a cidade (espaço físico), os mogimirianos (por hora, não vou falar em Brasil para não aumentar o drama) também estão desanimados. Ando e não vejo enfeites natalinos nas casas. E os que existem são tão tímidos quanto aos que são espalhados pela cidade. As vitrines das lojas passam despercebidas aos olhos que desejam a beleza de outros natais. Pelo ritmo atual, o clima deste natal promete deixar a desejar se comparado com o visto durante a última eleição. E olha que por aqui a campanha eleitoral foi quase nada.

Árvore de natal, presépio, pisca-pisca,..., guirlanda, essas coisas implicam em custos. Pergunta de fim de ano: por onde anda o dinheiro? Cena de um episódio que antecede o natal: antes de apagar as luzes, FHC abre os porões do Planalto e a inflação, que foi alimentada, durante todo esse tempo, com falsidades, escapa faminta. É difícil pensar em bolas de natal quando o valor da cesta básica se equivale ao do salário mínimo.

O povo tem esperança no novo governo, mas o natal deste ano reflete o espólio deixado pelos oito anos de PSDB. Por isso, esse ambiente de que o natal já passou. De fato, este é um natal de transição. Época de ver a sujeira que foi acumulada debaixo do tapete. Enquanto a esperança se concentra no próximo ano, o clima que envolve o natal é de angústia.

Olhemos para os lados. Para cima, os EUA disfarçam a crise com o constante prenúncio de guerra contra o Iraque (sempre o Iraque). Para baixo, o tango argentino nunca foi tão triste. Voltemos os olhos à cidade que nos cerca. Embora com todas as lamúrias que fazem parte do cenário nacional, Mogi-Mirim pode, ao menos, passar um fim de ano tranqüilo em relação ao insucesso de um papai-noel às avessas que baixou por aqui esse ano. Um papai-noel que, certamente, vinha de outras terras, porque só queira distribuir presente de grego. Um papai-noel tão charlatão que não tinha renas nem gorro vermelho. Falo de um papai-noel politiqueiro e de seus duendes bajuladores. Se as suas promessas descabidas tivessem sido realizadas, este natal seria o desastre de uma cidade.

O outro papai-noel, aquele do pólo norte, não deu nenhum cargo na Assembléia ou na Câmara Federal para os candidatos locais. Sorte ou azar? É... Um rápido balanço pós-eleição: Entre as 17 cadeiras da Câmara Municipal, Mogi-Mirim tem um vereador do PT. Será isso uma prova de que a cidade ainda guarda um conservadorismo dos tempos dos casarões? Por outro ângulo, os figurões de coluna social (políticos ou não), sem perder tempo, viraram lulistas de carteirinha. Dentre esses figurões, que na verdade não passam de figurinhas de chiclete, quem excomungava a cor, agora se veste de vermelho.

A verdade é que mais um natal se aproxima. Depois de tanto alvoroço, Mogi-Mirim conseguiu, para o desgosto de alguns, chegar a mais um final de ano, em pé. Diante da falta de glamour natalino que invade a cidade, o jeito é esperar o natal do próximo ano e se contentar com as luzes das estrelas. Ainda mais agora, que estrelas estão na moda.


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