04/09/2012 - Devastado
Dia após dia, eles roubam punhados fartos de minha alma. Sugam o que sou. Deixam-me com uma sequência de traumas. Roubam meus sonhos sem que eu possa fazer nada. Cada dia vão mais fundo. Cada dia eles destroem mais do meu mundo. Está cada vez mais difícil me equilibrar nesse destino bambo. Abocanham meu caminho, acorrentam minhas pernas, cortam minhas asas. A quebra de expectativa virou rotina. As minhas comportas estão cheias de frustrações e decepções. A desilusão extravasa além do suportável. Como ser amável diante disso tudo?
Eles avançam como corvos e beliscam minha carne fraca. Eles avançam e palpitam como maritacas. Eles avançam como piranhas e cravam os dentes em minhas entranhas. Eles avançam como serpentes e me impregnam com venenos que me matam mais e mais dia após dia. Obrigam-me a me vender, a ceder, a me ajoelhar, a me convencer de que o errado é certo, de que o fechado está aberto, de que não é sim. Deixam-me com tão pouco de mim que já não sei mais quem ou o que sou. A parte de deus que havia em mim o demônio levou.
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