Daniel Campos

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12/11/2010 - Desejos em Abu Dhabi

Senhor gênio da lâmpada mágica de Abu Dhabi, eu quero quilômetros e mais quilômetros a perder de vista de areias brancas e um mar azul cobalto. Depois de tanta agitação, quero águas calmas e mornas, com direito a barquinhos a vela pontilhando o horizonte. É bom caprichar no cenário sedutor se quiser realmente derrotar a preguiça que irá me prender à espreguiçadeira. Porque, no meio daquela praia deserta, eu desejo uma espreguiçadeira de casal. Que se criem jardins exóticos e exuberantes e excêntricos ao meu redor e que a água marinha seja dessalgada num cálice de luar. Num outro desejo, mas ainda na lista de bebidas, que petróleo vire champanhe.

Que ventos carreguem para longe o burburinho de parques, arranha-céus e shoppings para longe como se essa praia fosse à primeira das criações divinas não havendo mais nada além dela. Quero aproveitar esse cenário pela manhã, quando o sol bate mais forte, almoçar brisa e à noite escutar o concerto dos espíritos do deserto. Um aviso importante: quero perder o horário toda hora. E que por mais que o roteiro esteja previamente combinado, por favor, faça tudo parecer espontâneo. Quero ter os olhos no Golfo Pérsico e o corpo entregue às ondulações das dunas. Ondulações tão inconstantes e ilusionistas ao ponto de lembrarem a coluna da mulher amada.

Senhor gênio, que aqui em Abu Dhabi, a mulher amada seja verdadeiramente de carne e osso. Que sua carne seja feita de ondas e seus ossos, de dunas. E que tudo mais seja relativo à alma da mulher que de tanto desejo, deseja-se.


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