Daniel Campos

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17/07/2008 - De Drummond a Guimarães

Molha os teus lábios nos meus e deixa-me beber da tua poesia que vai da estação de Drummond a Guimarães num beijo de língua. Leva meu corpo nesse trenzinho mineiro que vai subindo montes e montanhas de teu corpo rumo ao céu alaranjado dos teus olhos morenos. Deixa-me escrever enquanto lhe respiro e lhe admiro e miro a felicidade sobre-humana que nos espera. Um poema, um conto, uma crônica não são suficientes para compor as vidas desta mulher. São necessários livros e mais livros para eu colocar no papel a tua carne e o teu espírito. Por isso escrevo e escrevo-te demais.

Falo português, inglês, francês, italiano e tailandês, alguns dialetos antigos e outros extintos, a língua de sinais, tupi e até latim, mas não consigo decifrar os enigmas da tua boca carmim. Gostaria de ser um crocodilo para viver no rio São Francisco, que nasce em tua boca e corre por tuas veias e artérias. Teus rios são grandes e profundos como a alma dos sonhadores. E eu nasci para te sonhar, mesmo vivendo ao teu lado, a cada minuto, sonho-te um sonho sem fim. E o importante é mesmo quando perto, deixar a chama da saudade em labaredas. Afinal, a saudade é alimento crucial na dieta de um amor intenso.

São mil e tantos motivos para declarar meu texto a essa mulher que é feita de fábula e outras fadas mais. Assim como um bom causo mineiro, há quem acredite ou não em sua existência. No entanto, os céticos podem se debruçar sobre minha obra poética, que é a prova viva de tua presença. Em tua boca, a minha gramática se une a uma matemática sideral, em uma geografia tão peculiar quão universal. E os beijos começam, duram e perduram no desejo de uma magia, no ensejo de uma alegria. Pouco a pouco, a relva da tua poesia a Drummond e da tua literatura a Guimarães Rosa molha a selva dos meus lábios fazendo germinar uma lavoura de palavras e sentimentos.


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