10/03/2008 - Covardia doméstica
Apenas oito por cento das mulheres brasileiras se sentem respeitadas. Mais do que um dado de uma pesquisa, esse número é um motivo para vergonha. Erguemos muros imensos, cercamo-nos de cercas elétricas e alarmes, adestramos cachorros sanguinários... Para quê? Ficamos preocupados com os crimes que acontecem na rua e os perigos que vem de fora, mas há uma violência muito mais escandalosa, que não distingue classe social, região, credo ou faixa etária: a violência doméstica.
Como falar em igualdade, em desenvolvimento sustentável, em paz... se 15 em cada 100 brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica. Dessas, apenas 40 por cento registraram a denúncia em uma delegacia. Medo ou vergonha? Os maridos e companheiros são os maiores responsáveis por esses crimes, sob justificativa de uso de bebida alcoólica e ciúme. É bom ter a consciência de que "entre tapas e beijos" é só o verso de uma música sertaneja.
O mais grave é que esse não é apenas um problema brasileiro, ou seja, de país subdesenvolvido. Um em cada cinco dias de faltas no trabalho no mundo é em razão da violência doméstica, que vai desde o sertão nordestino aos principais bairros europeus. O custo desse crime pode chegar a dois por cento do total de riquezas produzidas por um país. Uma verdadeira fortuna.
A maioria das mulheres que já sofreu violência doméstica diz que ela começou aos 19 anos de idade. Como pensar em futuro se nós não cuidamos de nossas adolescentes e de nossas crianças. Afinal, além das mulheres, 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia no Brasil. Definitivamente, o perigo está mais próximo do que podemos imaginar.
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