12/11/2014 - Correr ao tempo
Eu tenho que correr porque minha vida não me espera para viver. É preciso correr a pé, nas asas de um tié ou no lombo de uma égua. O relógio não me dá trégua com seus ponteiros febris. O tempo não me abona, pelo contrário, rasga a lona do meu circo existencial. Pelos varonis soldados do tempo são me cobrados impostos de fantasias. Levam de mim sacas de alegrias crescidas e ainda não nascidas. É preciso correr antes que o senhor do tempo sele meu destino com sua pá de cal. Não há súplica ou sacrifício que o faça diminuir sua passada. Somos prisioneiros de sua estrada. O tempo está em todas as coisas, em todos os lugares. Deitamos com o tempo no sagrado de nossos lares e o tomamos nos copos mais sujos dos bares. O tempo é fera desarvorada, sem doma, sem dona. O tempo não perdoa, tampouco afaga. É preciso correr para que os lastros com o tempo não se rompam antes da hora. É preciso correr sem demora, doa a quem doer, para que não sejamos apenas rastro que logo se apaga.
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