20/11/2009 - Consciência Negra
Joaquim Nabuco mandou avisar que a obra da escravidão será destruída. No aviso não tinha data nem hora, mas se Joaquim Nabuco disse vamos comemorar desde agora. Chega de preconceito. Chega de discriminação. Se o território brasileiro completa o africano no mundo de Gaia por que separar? Somos todos filhos do mesmo barro e do mesmo sopro, somos uma só raça... Por que fracionar se podemos somar, juntar, rimar nossos corpos multicoloridos numa mesma poesia humana.
Martin Luther King sonhou, mas foi Joaquim Nabuco quem mandou avisar que os chicotes no lombo dos negros não vão mais estalar. Eu quero cantar uma democracia racial pra valer. Chega de racismo velado. Chega de deixar o negro de lado. Vamos misturar samba e fado nesse enredo tropical. E quando os vestígios da escravidão forem superados poderemos nos organizar enquanto nação. Até então seremos apenas, como escreveu o poeta baiano, um nome sem país.
Que os navios negreiros parem de zarpar. Que as mucamas deixem de servir. Que a divisão entre casa grande e senzala seja somente o nome de um livro. Que todos se conscientizem da importância negra à história e ao futuro de brancos ou não. Chega das versões clássicas e repaginadas referentes à algema, ao tronco e à chibatada. Que a Lei Áurea vá além de um conto da carochinha. Que o verdadeiro patriotismo, ao gosto de Joaquim Nabuco, concilie a pátria com a humanidade.
Observação do autor: Joaquim Nabuco (1849 —1910) foi político, diplomata, historiador, jurista, jornalista e um dos principais nomes da luta abolicionista brasileira.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.