Daniel Campos

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11/02/2015 - Confinado

O canto dos pássaros deu lugar ao ronco dos motores e aos gritos das buzinas. O cheiro de alecrim, manjericão, erva-doce desapareceu em meio ao fedor do asfalto. Antes as vistas se enchiam de verde em diferentes tonalidades e agora são preenchidas com tons de cinza. O vento é abafado, encanado, silencioso. Sim, antes o vento dizia e trazia tanto. Hoje é um vento vazio. As petúnias e samambaias dependuradas pela varanda cederam espaço para as letras do outdoor, que se dependuram ostensivamente pela paisagem. Os pés que antes pisavam pela grama hoje precisam andar calçados o tempo todo. A chuva que temperava os cheiros verdes não pode ser a mesma que escorre insossa pelas ruas. A lua que se punha em meu colo vai-se flutua distante. As nuvens que se esparramavam preguiçosas são agora partidas pelos prédios. O que antes era casa em todos os sentidos se transformou em confinamento.


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