Daniel Campos

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19/04/2015 - Cavalheirismo

Eu nunca estive tão perto de ser tão longe. Vivo com os pés no chão e com a cabeça nas nuvens. Meu coração se entrega ao tempo e não acumula ferrugem. Tenho tantas palavras gritando, gemendo, sussurrando e se casando com o meu silêncio de monge. Não tenho medo da morte e mesmo nas horas mais complicadas me considero um homem de sorte, lançado à própria estrada. Não caibo em cova rasa, sou pássaro com nove pares de asa. Estou além do aquém. Sou nó cego e desatado também. Não sigo só, não mesmo. Vou a eito e a esmo. Sou fanfarra fazendo algazarra vencendo na marra toda e qualquer amarra. Sou distante sendo perto, sou gigante ainda feto. Meu teto são as constelações, meu corpo é feito de sótãos e porões. Sigo quebrando grilhões, desencantando solidões, venerando paixões. Sou o aço que se dobra para a flor num cavalheirismo sem pavor de pieguismo, pois no fim das contas, como bailarina que mesmo tonta se equilibra e roda em suas pontas, minha sina é o amor.


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