Daniel Campos

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25/04/2010 - Cartilha amorosa

Ama à parte de qualidades ou defeitos. Ama defendendo o direito de amar. Ama sem fazer contas ou regras. Ama em desobediência à razão. Ama numa espécie de magnetismo capaz de atrair até você uma progressão aritmética ou geométrica, como preferir, de amor. Ama ouvindo o que diz o horóscopo quando este lhe for favorável, mas ama, sobretudo, seguindo as estrelas do céu e do mar. Ama num jogo, num vai e vem, um aconchego que não sossega.

Ama sem importar se ela é romântica, simbolista ou modernista. Ama sem perguntar se ela conhece aquela do Chico Buarque. Ama pelos olhares ainda não vistos, ama pelos cheiros ainda não sentidos, ama pelas palavras ainda não ditas. Ama pelo mistério. Ama pele a pele, olho a olho, língua a língua. Ama pedindo paz e exigindo tempestades cíclicas para afastar um possível tédio. Ama provocando e se deixando provocar. Ama sem conhecimento prévio, mas sempre fazendo uma fezinha em suas previsões.

Ama esperando flores, escrevendo cartas, fazendo comidinhas. Ama fazendo conta no florista, ama reinventando poesias, Ama misturando vício e rito. Ama espantando qualquer crise por meio de um beijo de contos de fada, de novela, de cinema... enfim, do meio literário que mais lhe convém. Ama a arquitetura e o conteúdo de seu corpo. Ama de forma humorada, adocicada, transada. Ama sendo seu próprio cupido. Ama sem perder a paixão.


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