Daniel Campos

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01/02/2011 - Cartas para Julieta

Julieta, como uma dessas santas de altar ou tal qual atriz de novela das oito, recebe cartas e mais cartas diariamente. A mocinha que enfrentou tudo e todos por conta de um grande amor foi transformada ao longo dos séculos em uma espécie de referência feminina para assuntos do coração. Transformou-se em esperança, em milagreira, em oráculo. Cartas de vários tamanhos e línguas são deixadas todos os dias por entre as pedras da parede que sustenta o mais famoso balcão da história. O balcão de Julieta e dos amores impossíveis.

É como se Julieta não tivesse morrido e ainda fosse encontrada como anciã pronta a dar conselhos valiosos. Ao menos é esse o clima sentido em Verona, uma romântica e mágica cidade italiana. Ah! Quantas julietas visitam o lugarejo levando a tiracolo os seus romeus como paga de promessa! Ah! Quantas julietas vão até o balcão e pedem um romeu como fiéis pedem casamento a Santo Antônio. As cartas são como páginas, capítulos de um romance maior que não conta com ponto final. Coisa que nem Shakespeare esperava.

E o melhor é saber que existe um grupo de mulheres, as secretárias de Julieta, que respondem cuidadosamente cada uma das cartas endereçadas à bela Capuleto. E, mantendo viva a fantasia, as cartas que foram discretamente recolhidas em uma cesta tem suas respostas postadas. Cartas que, bebendo na fonte do amor sem limites da dona da história, colocam Julieta no alto de seu altar, ou melhor, de seu balcão. Que assim seja, para o bem dos amores e dos amantes, por séculos e séculos.

Observação do autor: É extremamente válido ver o filme "Cartas para Julieta", comédia romântica dirigida por Gary Winick.


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