20/04/2010 - Carta endereçada à Lady Laura
Lady Laura,
O tempo passou e seu filho Zunga continuou sempre menino. Um menino que na hora do desespero continua gritando por você. O homem dos carrões, dos brotos, das jovens tardes de domingo continua lhe pedindo para que o abrace, para que o leve de volta para casa, para que lhe conte uma história bonita e o faça dormir. Se fosse dono de um último pedido, certamente Roberto Carlos quereria ouvir sua voz mais uma vez. Mais do que nunca, hoje ele se lembra das vezes que você lhe pediu para aproveitar o tempo, pois ele era só um menino. Um menino jovem, de vanguarda, enfim, da jovem guarda.
Quantas vezes ele se sentiu perdido no meio da noite, com problemas e angústias que só você conheceu. E agora, quem afagará seus cabelos dizendo que amanhã de manhã ele iria sair muito bem? Quantas vezes, quando criança, ele chorou em seus braços e ouviu tanta coisa bonita capaz de lhe fazer esquecer a aflição. Agora, nem nos momentos alegres ele pode se sentar ao seu lado, nem nas horas difíceis pode apertar sua mão. Mais do que nunca ele sonha novamente ser um menino só para ficar perto de você outra vez. E agora, quem o levará para casa?
Mais de 120 milhões de discos vendidos depois, ele abriria mão de seu reinado de canções só para vê-la de novo. Cada vez que dedilhar Detalhes no violão irá se lembrar dos acordes que você o ensinou. E irá chorar um choro de menino. Um menino que soube de sua morte num palco de gente grande. Na mesma Nova Iorque que minutos antes cantou Lady Laura. Foi ali que ele soube que não iria mais poder sentar-se ao seu lado nos momentos difíceis, tampouco segurar sua mão nas horas mais duras. Foi então que soube que seria difícil continuar sendo um menino. O seu menino.
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