07/08/2010 - Caro Adoniran,
Caro Adoniran,
Por causa do Trem das Onze você não pode ficar um pouco mais com a gente. E eu sinto até hoje por isso, pois muito tempo se vai desde o último Samba no Bexiga; Muito tempo se vai sem você. Você que me fez companhia na casa do Arnesto outro dia e que chorou comigo a poesia da Saudosa Maloca. Quantas as histórias vividas No Morro da Casa Verde, No Morro do Piolho, na Vila Esperança. Você se foi e se tornou uma espécie de cupido que fez do meu peito Tiro ao Álvaro. Ah! Como num Samba Italiano vivo apaixonado.
Quando você partiu a Luz da Light acabou. E eu esperei você gritar: Acende o Candeeiro. Agüenta a Mão, João. Mas você não falou nada. Nada não. Não Me Deu Satisfação. Partiu para encontrar sua Iracema, que morreu atropelada na Avenida São João. Foi pra mais perto da lua, só pra ver as Mariposa voar em volta das estrelas de mercúrio. E para comemorar seu centenário eu nem posso mais lhe convidar para irmos pro Viaduto Santa Efigênia comer Torresmo à Milanesa, afinal Nóis Não Usa Os Bleque Tais.
Mulher, Patrão e Cachaça. Agora Podes Chorar. Chora junto da amizade do Pafunça que virou bagunça. Chora o Coríntia. Chora a Asa Negra. Chora Minha Nega. Chora na Praça da Sé e No Casamento do Moacir. Chora na Rua Dos Gusmões, no Velho Rancho, no Vai da Valsa. Chora porque a saudade é grande. E Vide Verso Meu Endereço, venho lá do fundo dos seus sambas, Adoniran. Ói Nóis Aqui Traveis chorando a saudade do homem que cantou a alegria entoando Bom Dia, Tristeza. Cem anos de Adoniran. Sem sambas de Adoniran.
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