Daniel Campos

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10/08/2010 - Carmelita dos pés descalços

Lá vai a carmelita dos pés descalços trilhando caminhos que só a fé é capaz de explicar. Lá vai ela com os pés ganhando espinhos e pedras, feridas e marcas daquele caminhar. Lá vai ela sem parar, caminhando nas contas de seu rosário. Os pés são só um detalhe. Na verdade, ela caminha de oração em oração. Acredita que os santos aliviam sua caminhada. E que Deus a espera ao final da estrada. Não tem contato com a realidade além dos muros. Ali, só canto e oração. Caminha, com os pés descalços, cobertos pelo negro do hábito que envolve seu corpo.

Seus passos ecoam pelo corredor se misturando ao silêncio e aos passos de outras irmãs que também não dizem nada. Apenas caminham de prece em prece com os pés descalços, trocando o mundo por aquela caminhada quieta e solitária. Vive uma vida contemplativa, meditando sobre a palavra de Deus e buscando seu lugar ao lado dele. Enclausurada e com os pés descalços, ela segue mantendo-se firme às tentações do amor, da carne, do prazer. Não é desgosto ou medo o que a faz ser uma carmelita de pés descalços. Mas o fato de estar reservada para Deus.

Presa aos próprios votos busca liberdade deixando de ser uma pessoa para ser uma fé. Ela é o sino do convento a tocar, a prece, o caminhar dos pés descalços. Ela confecciona hóstias, escapulários e bordados. Caminha querendo chegar ao Monte Carmelo, em Israel, onde segundo ela, Deus é tudo. Deus é tudo e ela, em seu caminhar, é apenas o nada. O nada do nada do nada. É assim que gosta de se sentir ao caminhar, carmelita e com os pés descalços.


Comentários

12/01/2014, por maria nazarete da silva ramos:

este texto sobre as irmãs carmelitas, me emcionaram. já pedi orações para elas e elas me atenderam.São abençoadas,muito obrigada.


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