Daniel Campos

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06/11/2008 - Cantoria

Mais do que um grito, o meu canto é uma súplica contra a morte do dia-a-dia. Feito cigarra, quero explodir de amor, de fantasia e de outras intensidades musicais, ou seriam sentimentais? Feito soldado que vai para os campos de batalha, quero duelar o meu sonho e cantar a minha guerra. Feito trovador, quero espalhar minhas trovas olhos e luar afora. Feito quem chora, quero lançar meus sentimentos ao vento. Feito amora, quero manchar a boca de quem devora meus versos, e me doar pelo avesso num desejo sem paga ou preço. Ah! Quero ser a serenata que passa debaixo da tua janela arrancando de tua boca um sorriso envergonhado.

Quero que minha música vista teu corpo feito camisola, de modo que ao acordar as notas se instalem entre a pele e a seda que há. Quero que nosso romance seja de uma antiga cantoria. Quero que teu pulmão soluce meus acordes e que seus pés corram deixando pegadas de claves de sol por uma estrada de partituras. Quero que a canção de nós dois tenha pulso, temperatura, textura e nos leve a uma tontura de prazer e querer. Ah! E quando sair do tom será porque me borrei no teu batom, e amor que é amor desafina. Afinal, a regência cabe ao tempo e ele tem seus altos e baixos, como a rua por onde passa a banda da nossa vida.


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